A RAÇA HUMANA
SOBREVIVERÁ?
Parece incrível, mas é verdade!
Se cada pessoa neste nosso mundo ocupasse
1,28 m3 (e para isso a maioria
de nós teria de ser um pouco maior do que é), toda a raça humana (sete bilhões de indivíduos pela estatística
de 2011) caberia numa caixa quadrada com lado pouco superior a míseros 2 km
(exatos 2,077 km). Quem duvidar pode
fazer os cálculos... Aliás, deixem comigo:
1,28 m3 = 0,00000000128 km3;
0,00000000128 km3 x 7.000.000.000
= 8,96 km3;
(8,96 km3)1/3 = 2,077
km (ou: 2,077 km x 2,077 km x 2,077
km = 8,96 km3).
Se levássemos essa caixa para a beira do
Cânion Colca, o maior abismo do planeta, situado no Peru, com até 3535 m de
profundidade (foto acima), e – lá chegando – lhe déssemos um ‘empurrão’, de início
haveria uma série de rangidos e estalos, enquanto a estrutura da caixa se
partindo fosse arrancando pedras e árvores na sua queda, depois alguns baques,
finalmente o espadanar da água do riacho que corre nas profundezas do precipício
quando a caixa batesse nela.
Em seguida, o silêncio do esquecimento! As ‘sardinhas humanas’ na sua arca mortuária seriam logo esquecidas. O cânion
permaneceria açoitado pelos ventos, pelo sol, pela chuva, como acontece desde
que foi criado; o mundo prosseguiria
no seu curso regular; os astrônomos de
outros planetas nada notariam de anormal;
dentro de um século – talvez – uma pequena elevação densamente coberta de
matéria vegetal revelaria o lugar onde a humanidade jazeria sepultada.
Eis tudo.
. . . . .
Imagino alguns de vocês, leitoras e leitores,
sofrendo certo mal-estar ao verem a sua raça reduzida a tão simples
insignificância. Há, contudo, um ângulo do problema capaz de fazer tanto a
pequenez demonstrada do nosso número, quanto o desamparo de nossos corpos
mesquinhos motivos de grande orgulho.
Somos um mero punhado de frágeis mamíferos,
sem garras, nem presas, escassos pelos, com inteligência que usamos para
devastar a natureza. Desde sempre vivemos cercados por hordas de criaturas
muitíssimo melhor equipadas a lutar pela sobrevivência, algumas das quais ainda
hoje medem vinte e cinco metros de comprimento, pesam o equivalente a uma
locomotiva, enquanto outras têm trezentos dentes substituídos por toda a vida, afiados
iguais a melhor navalha. Muitas variedades se apresentam couraçadas, a maioria
é invisível ao olho humano, multiplicando-se num ritmo espantoso. Embora o ser
humano só possa viver em circunstâncias bastante favoráveis, em poucas áreas de
terra seca entre as montanhas e o mar, nossos companheiros de viagem através do
cosmos nunca consideraram nenhum pico alto demais, tampouco nenhum mar profundo
demais.
Quando aprendemos em fontes confiáveis haver
insetos que podem se ‘divertir’ no petróleo (nada a ver com os capturados pela LAVA-JATO), outros com o poder de
resistir a mudanças de temperatura cujo efeito sobre nós seria nos matar bem
rápido, assim como ao termos notícia dos fantásticos seres extremófilos,
começamos a entender que espécie de competidores tivemos de enfrentar, no
passado, para defender nossa posição sobre este pedaço de rocha vagando na
escuridão de um universo indiferente.
Que graça devem ter achado nossos
contemporâneos paquidermes ao nos verem – essa mutação rosada – ensaiarmos
nossos primeiros esforços canhestros para caminhar sobre os membros
posteriores! E quanto àqueles senhores formidáveis que governaram pela força
bruta 520 milhões de quilômetros quadrados de terra e água por milhões de anos,
onde estão? Desapareceram, exceto dos espaços reservados a eles por nós: os museus.
Em suma, no decurso de aproximadamente dois
mil séculos apenas – NADA sob o ponto de vista da eternidade – a raça humana
tornou-se senhora incontestável de toda a terra da Terra, do ar da Terra, quem
sabe às vésperas de incluir o mar da Terra nos seus domínios; tudo isto o conseguiu poucas centenas
de milhões de criaturas sem sequer uma vantagem acima de seus inimigos, a não
ser o DOM DIVINO DA RAZÃO.
Creio que estou exagerando! O dom da razão na
sua forma sempre insigne, raras vezes sublime, restringe-se a um punhado de
homens e mulheres, os que dirigem;
aos demais só resta seguir, o resultado é uma procissão estranha e vacilante...
Para onde nos levará a marcha? Difícil saber.
Porém, à luz do obtido nos milênios de
existência da chamada civilização, vê-se não existir limite para a soma completa
do potencial dos nossos feitos, a menos que sejamos desviados da nossa rota
peculiar de desenvolvimento, marcada pela absurda crueldade inerente que nos
leva a tratar membros da nossa própria espécie como jamais trataríamos um bicho
ou uma planta. De fato, trata-se de um desafio imenso conviver com determinadas
minorias, mas aqui o enfoque é ideal, não real.
A Terra é um bom lugar de se viver! Ela
produz benefícios com tal abundância que todo homem, mulher e criança poderia
ter seu quinhão, mais uma sobra para os dias inevitáveis de descanso; contudo, a Mãe Natureza possui seu
próprio código de leis inexoráveis, contra as quais não há apelo. A natureza
nos provê do que necessitamos com generosidade, em troca somente exige que
estudemos seus preceitos e obedeçamos a seus ditames. Cem vacas num pasto em
que cabem cinquenta significa desastre, regra compreendida por qualquer bom
criador. Dez milhões de pessoas onde deveria haver no máximo cem mil resulta em
congestionamento, crime, pobreza, sofrimento desnecessário, lição
desconsiderada por quem devia guiar nossos destinos.
Ofendemos a Mãe Natureza, nossa magnífica mãe
adotiva, de forma estúpida, prosseguimos com e recrudescemos a ofensa: o homem é o único organismo vivo
capaz de planejar hostilidade desnecessária contra seus semelhantes, o homem
odeia o homem, o homem mata o homem à toa, e, no mundo atual, a primeira preocupação
de inúmeros países é se preparar para agredir seus vizinhos, ou pior,
deslocar-se milhares de quilômetros para cometer o ataque, empregando o notável,
insigne – mas nada sublime – dom da razão. Animais irracionais brigam entre si,
não resta dúvida, por conta de instinto, não de caso pensado.
Essa flagrante violação do – digamos assim –
Artigo 1º do Código da Criação, que dispõe sobre paz e harmonia entre membros
de uma mesma espécie, levou-nos ao ponto no qual estamos prestes a chegar à
nossa completa aniquilação, pois nossos inimigos vivem em constante estado de alerta.
Sendo o Homo Sapiens incapaz de se manter orientador principal das coisas,
convém lembrar, há milhares de candidatos ao posto; porventura um mundo dominado por insetos altamente organizados
não poderia ter vantagens patentes sobre o que construímos? A resposta é sim.
Qual é, então, a saída para tamanha e tão
sórdida enrascada? A saída reside na consciência de sermos, tudo e todos,
passageiros da mesma ‘nave’, a Terra. Adquirida a noção desta
realidade absoluta, tornado ponto pacífico que, para o bem ou para o mal,
compartilhamos de morada comum, assimilado o conceito de viagem sem destino
conhecido, teremos dado o passo decisivo para resolver o problema-base das
nossas dificuldades. Como colegas de jornada as alegrias e agruras de um são as
de todos.
Lembrem-se disso naquele dia fatal em que o
ser humano vai ser obrigado a recolher seus ‘brinquedinhos’ e ceder
lugar a um sucessor mais digno.
Mas, primeiro lembrem-se também: somos igualmente responsáveis pela
felicidade e bem-estar do mundo que habitamos. Orgulhem-se disso!
Rodrigo Martiniano.
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