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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

:: A RAÇA HUMANA SOBREVIVERÁ? ::


A RAÇA HUMANA SOBREVIVERÁ?

Parece incrível, mas é verdade!
Se cada pessoa neste nosso mundo ocupasse 1,28 m3 (e para isso a maioria de nós teria de ser um pouco maior do que é), toda a raça humana (sete bilhões de indivíduos pela estatística de 2011) caberia numa caixa quadrada com lado pouco superior a míseros 2 km (exatos 2,077 km). Quem duvidar pode fazer os cálculos... Aliás, deixem comigo:
1,28 m3 = 0,00000000128 km3;
0,00000000128 km3 x 7.000.000.000 = 8,96 km3;
(8,96 km3)1/3 = 2,077 km (ou: 2,077 km x 2,077 km x 2,077 km = 8,96 km3).
Se levássemos essa caixa para a beira do Cânion Colca, o maior abismo do planeta, situado no Peru, com até 3535 m de profundidade (foto acima), e – lá chegando – lhe déssemos um empurrão, de início haveria uma série de rangidos e estalos, enquanto a estrutura da caixa se partindo fosse arrancando pedras e árvores na sua queda, depois alguns baques, finalmente o espadanar da água do riacho que corre nas profundezas do precipício quando a caixa batesse nela.
Em seguida, o silêncio do esquecimento! As sardinhas humanas na sua arca mortuária seriam logo esquecidas. O cânion permaneceria açoitado pelos ventos, pelo sol, pela chuva, como acontece desde que foi criado; o mundo prosseguiria no seu curso regular; os astrônomos de outros planetas nada notariam de anormal; dentro de um século – talvez – uma pequena elevação densamente coberta de matéria vegetal revelaria o lugar onde a humanidade jazeria sepultada.
Eis tudo.
. . . . .
Imagino alguns de vocês, leitoras e leitores, sofrendo certo mal-estar ao verem a sua raça reduzida a tão simples insignificância. Há, contudo, um ângulo do problema capaz de fazer tanto a pequenez demonstrada do nosso número, quanto o desamparo de nossos corpos mesquinhos motivos de grande orgulho.
Somos um mero punhado de frágeis mamíferos, sem garras, nem presas, escassos pelos, com inteligência que usamos para devastar a natureza. Desde sempre vivemos cercados por hordas de criaturas muitíssimo melhor equipadas a lutar pela sobrevivência, algumas das quais ainda hoje medem vinte e cinco metros de comprimento, pesam o equivalente a uma locomotiva, enquanto outras têm trezentos dentes substituídos por toda a vida, afiados iguais a melhor navalha. Muitas variedades se apresentam couraçadas, a maioria é invisível ao olho humano, multiplicando-se num ritmo espantoso. Embora o ser humano só possa viver em circunstâncias bastante favoráveis, em poucas áreas de terra seca entre as montanhas e o mar, nossos companheiros de viagem através do cosmos nunca consideraram nenhum pico alto demais, tampouco nenhum mar profundo demais.
Quando aprendemos em fontes confiáveis haver insetos que podem se divertir no petróleo (nada a ver com os capturados pela LAVA-JATO), outros com o poder de resistir a mudanças de temperatura cujo efeito sobre nós seria nos matar bem rápido, assim como ao termos notícia dos fantásticos seres extremófilos, começamos a entender que espécie de competidores tivemos de enfrentar, no passado, para defender nossa posição sobre este pedaço de rocha vagando na escuridão de um universo indiferente.
Que graça devem ter achado nossos contemporâneos paquidermes ao nos verem – essa mutação rosada – ensaiarmos nossos primeiros esforços canhestros para caminhar sobre os membros posteriores! E quanto àqueles senhores formidáveis que governaram pela força bruta 520 milhões de quilômetros quadrados de terra e água por milhões de anos, onde estão? Desapareceram, exceto dos espaços reservados a eles por nós: os museus.
Em suma, no decurso de aproximadamente dois mil séculos apenas – NADA sob o ponto de vista da eternidade – a raça humana tornou-se senhora incontestável de toda a terra da Terra, do ar da Terra, quem sabe às vésperas de incluir o mar da Terra nos seus domínios; tudo isto o conseguiu poucas centenas de milhões de criaturas sem sequer uma vantagem acima de seus inimigos, a não ser o DOM DIVINO DA RAZÃO.
Creio que estou exagerando! O dom da razão na sua forma sempre insigne, raras vezes sublime, restringe-se a um punhado de homens e mulheres, os que dirigem; aos demais só resta seguir, o resultado é uma procissão estranha e vacilante... Para onde nos levará a marcha? Difícil saber.
Porém, à luz do obtido nos milênios de existência da chamada civilização, vê-se não existir limite para a soma completa do potencial dos nossos feitos, a menos que sejamos desviados da nossa rota peculiar de desenvolvimento, marcada pela absurda crueldade inerente que nos leva a tratar membros da nossa própria espécie como jamais trataríamos um bicho ou uma planta. De fato, trata-se de um desafio imenso conviver com determinadas minorias, mas aqui o enfoque é ideal, não real.
A Terra é um bom lugar de se viver! Ela produz benefícios com tal abundância que todo homem, mulher e criança poderia ter seu quinhão, mais uma sobra para os dias inevitáveis de descanso; contudo, a Mãe Natureza possui seu próprio código de leis inexoráveis, contra as quais não há apelo. A natureza nos provê do que necessitamos com generosidade, em troca somente exige que estudemos seus preceitos e obedeçamos a seus ditames. Cem vacas num pasto em que cabem cinquenta significa desastre, regra compreendida por qualquer bom criador. Dez milhões de pessoas onde deveria haver no máximo cem mil resulta em congestionamento, crime, pobreza, sofrimento desnecessário, lição desconsiderada por quem devia guiar nossos destinos.
Ofendemos a Mãe Natureza, nossa magnífica mãe adotiva, de forma estúpida, prosseguimos com e recrudescemos a ofensa: o homem é o único organismo vivo capaz de planejar hostilidade desnecessária contra seus semelhantes, o homem odeia o homem, o homem mata o homem à toa, e, no mundo atual, a primeira preocupação de inúmeros países é se preparar para agredir seus vizinhos, ou pior, deslocar-se milhares de quilômetros para cometer o ataque, empregando o notável, insigne – mas nada sublime – dom da razão. Animais irracionais brigam entre si, não resta dúvida, por conta de instinto, não de caso pensado.
Essa flagrante violação do – digamos assim – Artigo 1º do Código da Criação, que dispõe sobre paz e harmonia entre membros de uma mesma espécie, levou-nos ao ponto no qual estamos prestes a chegar à nossa completa aniquilação, pois nossos inimigos vivem em constante estado de alerta. Sendo o Homo Sapiens incapaz de se manter orientador principal das coisas, convém lembrar, há milhares de candidatos ao posto; porventura um mundo dominado por insetos altamente organizados não poderia ter vantagens patentes sobre o que construímos? A resposta é sim.
Qual é, então, a saída para tamanha e tão sórdida enrascada? A saída reside na consciência de sermos, tudo e todos, passageiros da mesma nave, a Terra. Adquirida a noção desta realidade absoluta, tornado ponto pacífico que, para o bem ou para o mal, compartilhamos de morada comum, assimilado o conceito de viagem sem destino conhecido, teremos dado o passo decisivo para resolver o problema-base das nossas dificuldades. Como colegas de jornada as alegrias e agruras de um são as de todos.
Lembrem-se disso naquele dia fatal em que o ser humano vai ser obrigado a recolher seus brinquedinhos e ceder lugar a um sucessor mais digno.
Mas, primeiro lembrem-se também: somos igualmente responsáveis pela felicidade e bem-estar do mundo que habitamos. Orgulhem-se disso!
Rodrigo Martiniano.
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