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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Armadilhas da Informática Embarcada


O leitor decerto sabe, superficialmente pelo menos, qual a importância da informática no funcionamento dos veículos equipados com injeção eletrônica de combustível. Do mesmo modo deve ter reparado nos hodômetros adotados pelas montadoras atualmente, todos eles aparelhos eletrônicos digitais. Trata-se de uma evolução esperada, conferindo maior fidedignidade ao registro do instrumento, e aparentemente à prova de violação.

De fato, o velho sistema de engrenagens dos hodômetros convencionais sempre foi uma atração irresistível para os "profissionais" do comércio de veículos, eternos amigos dos expedientes capazes de propiciar ganhos fáceis. Ora, muitos carros usados em ótimo estado de conservação aparente estão nos pátios de lojas, concessionárias ou não, onde prolifera tal sorte de indivíduos.
Eles entram no estoque dessas lojas a partir de trocas, quando são devidamente subvalorizados. E, se o estado de conservação do veículo não condiz, na opinião do "expert", com o valor registrado no hodômetro, imediatamente adapta-se aquele valor às necessidades da loja, isto é, vender rapidamente pelo maior preço possível ao primeiro incauto vislumbrado.

Quanto a preocupações relativas a vida útil de um sem número de peças, ou mesmo em relação à própria durabilidade do bem comercializado, é bom nem falar do assunto, pelo menos com um vendedor típico de carros. Aliás, na verdade, eles nem ao menos sabem qual é o significado dessas coisas. E, se o veículo apresentar algum defeito depois da venda, alguma desculpa virá a calhar. O importante mesmo é, se vier a estragar como é muito provável, ser depois, nas mãos do consumidor.

Nesse espaço pretendo desmistificar ao máximo os meandros inerentes à operação de um hodômetro digital, sobretudo quanto à suscetibilidade deste aparelho às fraudes, ao contrário da idéia predominante a respeito. Comecemos pelo princípio de funcionamento, cuja característica básica é a existência, no painel de instrumentos do carro, de um chip de memória EPROM (Erasable Programmable Read Only Memory = Memória Apagável Programável Somente de Leitura), semelhante à memória das calculadoras, cujo registro, na maioria das vezes, independe da UCI (Unidade de Controle de Injeção) ou central do veículo.

Obviamente a UCI precisa da leitura da velocidade, entre outras coisas, para calcular o débito ou quantidade de combustível necessário ao funcionamento do motor, más ela obtém esta informação diretamente do VSS (Vehicle Speed Sensor = Sensor de Velocidade do Veículo), da mesma forma que o painel. Noutras palavras, o registro da quantidade de quilômetros percorridos é função exclusiva da memória do painel de instrumentos.
Modalidades muito recentes deste sistema armazenam o registro do hodômetro na UCI sendo, dado o número de endereços muito maior, menos violáveis. Em ambos os casos constam do programa principal as marcas de quilometragem para revisões e outros serviços e, quando da última hipótese (registro na UCI), é comum ocorrerem indicações de necessidade de serviços (acendimento de luzes de advertência), incongruentes com a marcação do hodômetro adulterado.

Seja como for, prevalecem os expedientes, a despeito de algum resultado posterior indesejável. Passemos, então, a explicar o modus operandi do ''técnico'' em hodômetros. Sua ferramenta de trabalho principal é um computador, portátil de preferência, necessariamente equipado com um programa capaz de acessar os diversos endereços da memória do painel, e de traduzir os caracteres registrados em base hexadecimal, para base decimal (veja quadro abaixo).

O programa é apto para obter o endereço correto através de comparação simples: feitas as leituras, ele as coteja com valores de referência de até 6 dígitos em base decimal, e encontra com facilidade, porque o único registro com 6 dígitos é o da quilometragem. Nesse momento, como a memória é apagável, e o programa plotou na tela o valor existente, resta modificá-lo para o desejado. Os bons técnicos desmontam todo o painel, com habilidade de relojoeiro, até acessar o chip de memória.

Faz parte do equipamento garras de contato, cujo acoplamento às pernas do chip, de um lado, e ao computador em última análise, do outro, permite a leitura. Alguns fabricantes, como a BMW, protegem o chip com verniz de grande impermeabilidade, mas não resistente aos removedores de tintas e vernizes do tipo ''reflex pastoso poliuretânico'': é aplicar uma camada de ''reflex'' sobre o chip e deixar agir por uns poucos minutos para se ganhar acesso elétrico.

Existem duas espécies de painel quanto ao modo de armazenar informações: os dotados de chips de memória programável, e os equipados com placas, não programáveis, porém identicamente modificáveis, sendo para isto necessário enviar um impulso elétrico (semelhante ao do VSS) à mesma, e fazê-la ''girar'' o hodômetro, sempre para a frente até zerar (999.999), prosseguindo-se até se obter o registro desejado.

A Volkswagen adota um e outro sistema, indiscriminadamente. Exemplo típico e o dos Gol Geração III, cujos painéis podem ser VDO (EPROM) ou Magnetti Marelli (placa). Curioso do sistema de placas é a relativa impossibilidade da execução imediata do ''serviço'', pois é preciso ''rodar'' a placa. Contudo não é nada fora do alcance dos desmanches de carros, onde o ''técnico'' se abastece de placas postas imediatamente para ''rodar'', até atingir um valor de registro compatível com a demanda das lojas.

O ''técnico'' forma, então, um pequeno estoque de placas com quilometragem ao redor de 35.000 km, um número bastante satisfatório para, digamos, um Gol 2000 cujo primeiro proprietário foi um viajante ou uma locadora, nunca batido, e com reais 200.000 km. Ora, por que não deixá-lo com uns 30.000 ou 35.000 km? Afinal de contas, feito isto e mais alguns ajustes evidentes, como substituir os discos de freio se estiverem muito gastos, e 99% do público está disposto a jurar que o carro é muito pouco rodado.

Ficam marcas indeléveis, não apenas no aspecto, porquanto é fora de questão trocar o pára-brisa, os faróis e pintar o pára-choque dianteiro e o capô, fatalmente marcados por areia e pedras impactadas contra essas peças durante os milhares de quilômetros percorridos, mas principalmente nos itens vitais com vida útil, como um pivô da barra de direção, cuja falha por fadiga certamente gera um acidente no mínimo desagradável.

Por fim o lembrete ao leitor, candidato a comprar um usado, seja em qual loja quiser: é imprescindível saber qual a procedência do carro, sob pena de ocorrerem dissabores sérios, e talvez fatais. A sorte dos crédulos é o enorme coeficiente de segurança embutido na definição de engenharia das peças importantes dos veículos. Mas....
 
Rodrigo O. A. M. Ferreira 
São José dos Campos, SP
roamf@ig.com.br

BANCOS

 BANCOS

Sensato considerar, quem é “relevante para o sistema”, isto é, os bancos não levam calote de ninguém pelo fato de terem um poder incomensurável, e assim lhes ser possível agir como bem entendem.

O Estado deve ajudar quem os bancos lesaram para que com isto os bancos não tenham qualquer prejuízo, em razão da sua “relevância para o sistema”. Prejuízo significa não receber os juros, dos quais vivem os bancos. Assim, o Estado apóia os bancos, a um só tempo com dinheiro mais vantagens fiscais, dinheiro este garantido por todos nós através dos tributos que pagamos - chamado pelo Estado de recurso.
O recurso é, então, destinado aos lesados para estes quitarem com ele – com o recurso, o nosso dinheiro – as dívidas contraídas junto aos bancos.
Trata-se de um jogo absurdo, por incrível que pareça através do qual os bancos atravessam as crises. Os bancos conseguem isto há quase um século, desde quando, em 1914, conseguiram separar o dinheiro do ouro, ou seja, a partir do momento no qual nosso dinheiro deixou de ser lastreado por valor verdadeiro, e passou a ser na realidade apenas papel “carimbado”.
Desde lá até hoje, de forma gradual crescente os bancos vêm podendo fazer conosco conforme lhes aprouver, sem maiores preocupações, pois praticamente ninguém é capaz de perceber a trama.

Sobre os “pacotes de salvamento”, hoje em dia tão conhecidos, é preciso esclarecer que em nosso sistema monetário baseado em dívidas, tais “pacotes” não trazem benefício real algum a quem se destinam, sendo vantajosos apenas para os bancos e para os que trabalham em estreita cooperação com os mesmos.
Os “pacotes” acabam por obrigar o povo a contrair dividas enormes, até que todos fiquem sem dinheiro. Aí, o Estado tem de diminuir despesas com benefícios sociais e salários, e simultaneamente aumentar os impostos, medidas cujo impacto na população se reverte em menores ganhos e em maiores despesas, situação evidentemente inviável em longo prazo.
Contudo, para os bancos é um negócio muitíssimo seguro, porque – uma vez “quebrado” o país – eles se apossam do “filé” (os recursos vindos do povo, agora dívida) e deixam ao povo os “ossos” (no limite não mais que a vida).
Nesse ponto ocorre uma reforma monetária e o povo deve dar duro de novo para reconstruir o que lhe foi subtraído e, portanto, se endividar novamente com os bancos.
Usando da imagem anterior os bancos jogam ao povo uma lasca do “filé” para “fisgá-lo”, lhes dizem que desta vez vai ser melhor, e o povo, incorrigível como de costume, morde a “isca”, incapaz de sair de tamanha ciranda dos infernos.

Banqueiros vão levando de propósito o mundo para o precipício por acreditarem que podem administrar a queda! Se você acha que está a salvo é bom reconsiderar...