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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

KADHAFI

 KADHAFI

A atual história da Líbia teve início em 1969, quando um grupo de oficiais nacionalistas, de forte alinhamento político-ideológico com o pan-arabismo, derrubou a monarquia, então personificada pelo rei IDRIS I – antes emir Sayyid IDRIS al-Sanusi – e criou a Jamairia (República) Árabe Popular e Socialista da Líbia, muçulmana militarizada e de organização socialista. O Conselho da Revolução, órgão governamental do novo regime, era presidido pelo coronel Muammar al-KADHAFI. O regime de KADHAFI, chefe de Estado a partir de 1970, expulsou os efetivos militares estrangeiros e decretou a nacionalização das empresas, dos bancos e dos recursos petrolíferos do país.
A Líbia é um país do norte de África, limitado a norte pelo Mar Mediterrâneo, a leste pelo Egito e pelo Sudão, a sul pelo Chade e pelo Níger e a oeste pela Argélia e pela Tunísia. Sua capital é Trípoli. É o país com o maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da África (0,755) e um dos poucos do continente que apresentam IDH alto.
IDH é uma medida comparativa, usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento humano e para separar os países desenvolvidos (alto desenvolvimento humano), em desenvolvimento (médio desenvolvimento humano) e subdesenvolvidos (baixo desenvolvimento humano).
Embora extravagante e exótico, KADHAFI foi um político habilidoso, tendo, na última década, logrado tirar o país do isolamento diplomático. Com o fim do isolamento a economia do país viu-se impulsionada, atraindo investidores estrangeiros e grandes companhias petroleiras multinacionais. De acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), a Líbia cresceu 10,6% ano passado (2010), sendo previsto crescimento de aproximadamente 6,2% em 2011.
Contudo, tal riqueza é muito mal distribuída, e, apesar do IDH alto, a Líbia é subdesenvolvida no que concerne às massas, das quais pelo menos 1/3 vive na linha da miséria, razão primordial dos protestos destas. Manifestações contra o governo de KADHAFI provocaram a morte de incontáveis civis, a comunicação por telefone foi dificultada ao máximo e o governo cortou por completo o acesso dos computadores à internet. Os insurgentes recebem apoio declarado da OTAN, em especial – é óbvio! – dos  Estados Unidos e da Inglaterra, e também da França, bem como às encobertas da mídia ocidental. A OTAN realizou inúmeros ataques e bombardeios em território líbio, além de fornecer apoio financeiro e logístico aos insurgentes.
KADHAFI prometeu "lutar até a última bala", e os rebeldes, que agora sentiram o gosto da liberdade, estão igualmente determinados, a despeito de drasticamente inferiores quanto ao armamento. É difícil imaginar uma longa guerra civil, na realidade guerrilha, já que a Líbia, exceto pelas áreas urbanas um deserto, não tem geografia apropriada para esconderijos.
Na condição de 12º maior exportador de petróleo do mundo, a Líbia tem potencial suficiente para desestabilizar a economia mundial, caso a revolta contra o governo interrompa o fornecimento do produto, porém, há que se considerar, mais da metade do PIB da Líbia vem dos setores de petróleo e gás natural, responsáveis por 95% das exportações do país, de acordo com o Banco Mundial. Assim, uma eventual interrupção não traria proveito a ninguém, nem mesmo aos rebeldes.
Na verdade, o povo líbio se mobilizou para denunciar a proximidade do rei IDRIS I com o Ocidente, após a derrota da RAU (República Árabe Unida) frente a Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967 – da qual a Líbia não participou, e isto abriu caminho para o golpe de 1969. Hoje a nova geração faz o país voltar a um ponto semelhante, só que agora a população jovem pede prosperidade, negada ao povo pelo errático regime de KADHAFI.
ú ú ú ú ú
Aqui no Brasil, dependesse de serem as pessoas - sobretudo os pobres - um pouco mais aguerridas, e menos adeptas do “salve-se quem puder”, característica esta, aliás, bastante arraigada na mente corrupta de boa parcela de nós brasileiros, a situação atual da Líbia poderia facilmente acontecer. Elementos propícios, condições favoráveis à insurreição – de fato, condições desfavoráveis às massas ignotas – sobram. Sorte nossa elas serem ignotas, e justo por isto acreditarem que “com jeitinho ainda chegam lá”!

Rodrigo O. A. M. Ferreira

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