Andar de carro pelas vias públicas brasileiras nunca foi fácil. Inicialmente falta educação à quase totalidade dos motoristas. Não se trata de ponderar sobre educação de trânsito, atributo, aliás, dos mais desejáveis, mas simplesmente da mera educação social, aquela tão decantada pelas pessoas, sempre exigida e raramente praticada.
Seria interessante se cada motorista tivesse em mente o fato de, por estar motorizado, as coisas se encontrarem mais ao seu alcance, se fazerem mais rápidas e, por conseguinte, tornar-se descabido mesmo assim ter pressa absurda. Contudo é esta a atitude dos motoristas: pressa irracional.
Pois bem, corrigir tal desvio de comportamento deveria ser objeto de atenção do Estado, pois é o Estado quem concede licença ao cidadão para dirigir. Não é, como também não é qualquer espécie de direção preventiva, ensinamento cuja falta logo se vê quando um carro derrapa numa pista molhada e o motorista se mostra incapaz de fazer qualquer coisa porque não sabe.
Cabe ao Estado, sem a menor dúvida, refinar o processo de expedição de Carteiras Nacionais de Habilitação, as carteiras de motoristas, de modo a se passar a ter nas ruas, dirigindo veículos, pessoas cônscias de suas obrigações elementares, cientes da licença concedida a elas e da responsabilidade envolvida, e verdadeiramente capazes de controlar a máquina, o veículo.
Além disso, o Estado deveria atentar para a conservação das vias públicas, reparando-as imediatamente quando necessário, e também para a conservação dos veículos, impedindo as sucatas de trafegar vetando-lhes o emplacamento. Claro, há que se cuidar igualmente do pedestre, muitas vezes incauto, noutras leviano, quase sempre desafiador. Por que não multá-los quando invadem o sinal vermelho?
Mas, por falar em multa, é essa a opção do Poder Público para civilizar o tráfego. Escolha correta? Jamais. A multa transformou-se em cruel fonte de receita e vem sendo posta em prática indiscriminadamente, sem critério algum, ilegalmente. Quando lavrá-las nas cidades competia à Polícia Militar as coisas eram até toleráveis e os desmandos, as arbitrariedades ficavam, em termos, contidas, havendo muitas vezes atuação esclarecedora e educadora dos policiais, ao invés de ação fraudulenta, sub-reptícia, visando exclusivamente aquele objetivo: angariar recursos.
Note-se e ressalte-se o modus operandi dos policiais rodoviários federais e estaduais, bem mais coerente e bastante admissível, valendo-se da multa apenas em caso de manifesta imprudência violando a lei ou de rematada recalcitrância.
Nas cidades surgiu a abominável figura do "marronzinho", do "amarelinho" e outras cores mais, infernizando a vida do motorista, contribuindo seriamente para agravar a deseducação, os expedientes, o caos urbano, enfim. Certa feita interpelei um deles onde moro, de maneira bem descontraída, informal, e ouvi um absurdo. A instrução recebida por eles é: "Vão e lavrem o máximo de multas possível. Uma pequena percentagem dos autuados vai recorrer e uma parcela irrisória dos recursos será deferida. A grande maioria deverá pagar e pronto". É a mais-valia aplicada ao trânsito, ou seja, vale a autoridade de quem a tem para conseguir o que precisa -- dinheiro -- seja lá como for.
Os agentes de trânsito municipais são indivíduos beócios, tabaréus sem qualquer noção da sua atividade, recrutados a esmo pelas prefeituras, desqualificados quanto ao treinamento risível recebido, a não ser para o manejo do radar e para o uso do bloco onde escrevem garranchos incompreensíveis, más facilmente traduzidos para o cidadão sob a forma de ônus.
Alguns indivíduos menos avisados vêem progresso na atuação desses elementos atrelado à falta da arma, equipamento obrigatório e ostensivo do policial militar. Ora, a arma do marronzinho é mil vezes mais eficaz e ele a "dispara" a torto e a direito. Afinal de contas nem "pontaria" o infeliz tem: faltou preparo.
Motorista: cuidado com os "coloridos", e muita cautela com as ilegais lixeiras radar!
Rodrigo O. A. M. Ferreira
São José dos Campos, SP.
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